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sábado, 28 de maio de 2011

ADAM

Sobre as diferenças, garantias e liberdades de amar
(by Lívia Azzi)



Adam é um filme que nos faz refletir sobre o amor em suas diversas perspectivas. Provoca-nos a estar no lugar do outro e compreender sobre as diferenças e respeitar a individualidade de cada um. As garantias que buscamos nos relacionamentos, as necessidades que queremos suprir no convívio com o outro, a busca pela reciprocidade, qual é afinal o limite para o amor?


Hugh Dancy, interpreta Adam, um engenheiro eletrônico  com síndrome de asperger, cujas características principais são: dificuldades de socialização, altas habilidades cognitivas, interesses em temas específicos em detrimento a outras atividades cotidianas, dificuldades para compreender coloquialismos, metáforas e piadas, o que interfere na qualidade do relacionamento interpessoal, ao lidar com as pessoas usa razão em detrimento à intuição e age mais pragmaticamente do que emocionalmente, isto dificulta sua percepção em se colocar no lugar do outro e consolá-lo. São vários momentos do filme que caracterizam essas atitudes e permitem sensibilizar nossa percepção sobre o olhar de Adam interpretar e viver no mundo.

Beth (Rose Byrne), é uma escritora de livros infantis que se muda para o mesmo prédio de Adam e ao perceber seu jeito diferente de comportar tenta se aproximar dele, entender o seu mundo e também apresentar o mundo pelo olhar dela. Em meio a essa sinergia de mundos, ambos passam a realizar importantes descobertas emocionais e afetivas, que leva Beth a refletir sobre seu livro predileto de infância, O pequeno príncipe: “O pequeno príncipe veio à terra de um asteróide distante. Ele encontra um piloto cujo avião caiu no deserto. O pequeno príncipe ensina muitas coisas ao piloto, principalmente sobre o amor. Meu pai sempre disse que eu era como o pequeno príncipe. Mas depois que eu conheci Adam percebi que eu era o piloto”.

Assim como todo relacionamento tem seu aspecto positivo e negativo e desses dois pólos o casal tentará equilibrá-los e investir na cumplicidade em benefício do crescimento de cada um, Beth e Adam perceberam o que estava além do encantamento de mundos que ambos proporcionaram. Ela questiona com a mãe que sente falta de olhar nos olhos e saber exatamente o que a outra pessoa está sentindo. E a mãe brilhantemente responde “se sentir amado é importante, mas amar é a necessidade”.

E, na vida real, no final das contas, que garantias exatas teremos a respeito do amor, exceto ao que nós sentimos? Às vezes até nossos próprios sentimentos nos confundem, e a questão torna-se mesmo abstrata. As histórias facilitam uma ponte de reflexão das vivências humanas que se faz entre as heranças simbólicas, a ficção e os nossos interesses refletidos nas nossas experiências atuais. E a travessia proposta no filme é demonstrar que o amor é livre, ele não flui da necessidade que temos em estar com o outro, o amor flui da liberdade de cada um ser e estar exatamente como se encontra e, nessa convivência, permitir que o outro caminhe livremente, ainda que não seja conosco.

http://inquietudedopensamento.blogspot.com/2010/06/sobre-as-diferencas-garantias-e.html


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